Implante de ouro
O implante de ouro proporciona a estimulação permanente dos pontos de acupuntura, com resultados de longa duração. Trata-se de um procedimento ambulatorial, no qual fragmentos de ouro 750 (18 K) são inseridos em pontos de acupuntura e em pontos gatilho.
Os primeiros implantes de ouro em animais foram feitos por Grady Young em 1970, nos Estados Unidos. Em 1999, a técnica foi introduzida no Brasil e desde então vem sendo utilizada com sucesso para o tratamento da displasia coxofemoral, artropatias, discopatias, epilepsia, entre outros; melhorando a qualidade de vida de nossos pequenos.
Além do efeito local, estimulando mecanicamente o ponto de acupuntura onde o implante de ouro foi introduzido, há o efeito iônico: o ouro libera íons que emitem carga elétrica positiva para neutralizar as cargas negativas geradas pelo pH ácido da inflamação. Nas condições crônicas, em que há um excesso de carga negativa, ocorre uma acidose localizada. O corpo do animal é capaz de corrigir esse desequilíbrio devido aos íons de sódio (Na+), cálcio (Ca+2) e hidrogênio (H+). O íon Ca+2 parece ter um papel predominante nesse ajuste, principalmente em regiões em que a articulação está envolvida, mas nem todos os animais são capazes de mobilizar o íon Ca+2 para corrigir essa acidose. Alguns pacientes mais idosos, por exemplo, costumam ter grandes alterações radiográficas, como artroses, e não apresentam dor, pois, nesses casos, conseguem mover o íon Ca+2 rápido o suficiente para neutralizar as cargas negativas e, portanto, prevenir a dor. Já animais mais jovens podem não conseguir mobilizar os íons tão rapidamente e por isso sofrem de intensa dor, mesmo com lesões radiográficas mínimas. Os íons de ouro (Au+2) substituem os íons de cálcio (Ca+2) nesse processo, neutralizando a carga negativa das inflamações, diminuindo a dor sem o efeito colateral das alterações articulares que a mobilização de Ca+2 causa.
Outro bom exemplo de utilização dessa técnica ocorre no tratamento da epilepsia. Os implantes de ouro são capazes de reduzir o número, a frequência e a gravidade das crises convulsivas. O ouro é utilizado em animais que não responderam bem à medicação convencional ou estão recebendo grandes dosagens de medicamentos anticonvulsivantes.
A técnica de implante de ouro envolve pequenos pedaços de ouro de 18 Quilates, com 1-3 mm de altura e 1 mm de espessura. Os fragmentos são colocados no local de implantação, através de um aplicador próprio para a técnica, acoplado a uma agulha hipodérmica estéril de grande calibre. O paciente é sedado ou anestesiado e é feita a assepsia da região de aplicação. Os fragmentos de ouro são inseridos na agulha e depois uma pomada de antibiótico ou lubrificante é passada nesta agulha hipodérmica para os pedaços de ouro não se soltarem. A agulha é então inserida no ponto e o ouro é empurrado, através de um mandril do aplicador, até o local do implante. O procedimento todo leva em média 45 minutos.
Na maior parte das vezes o implante é colocado nos músculos, entretanto, em algumas regiões como cabeça, cotovelo e joelho; o ouro fica sob a pele e as chances de migrarem para outra área são maiores. O local de implantação do ouro é muito preciso e hoje os fragmentos de ouro possuem ranhuras para evitar essa migração através da pele.
A sedação ou anestesia leve é importante nesse procedimento para garantir que o paciente não se mexa no momento da implantação dos fragmentos de ouro, e estes sejam inseridos precisamente no ponto de escolha. O que também garante que o paciente não sinta dor no momento do agulhamento e inserção do fragmento.
O tempo de duração é variável, mas os efeitos seguem até que o corpo encapsule o fragmento e este pare de fazer efeito. Em geral, fica ativo por pelo menos um ano em pacientes idosos, com seu efeito podendo ser mais duradouro em pacientes mais jovens. A partir do momento que o fragmento de ouro é encapsulado, os sintomas podem reaparecer e mais um implante é indicado, sem a necessidade de se retirar os fragmentos já existentes.
É recomendado, sempre que possível, a realização de algumas sessões de acupuntura convencional previamente ao implante de ouro para que o veterinário acupunturista responsável certifique-se da saúde do paciente e escolha melhor os acupontos e pontos gatilhos que receberão o implante, melhorando a eficácia da técnica.
Dra. Laizi Braggio